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O rancho do grupo é um lugar estranho e decadente, mas, aos
olhos da adolescente, parece exótico, com uma energia singular. Evie descobre
que as garotas cozinham, limpam e prestam até mesmo serviços sexuais para
Russell, que proclama um desejo de libertar as pessoas do sistema. Evie quer
apenas ser aceita pelos outros integrantes, principalmente por Suzanne. É sua
chance de se sentir amada e pertencente a algo. Conforme sua obsessão por
Suzanne se intensifica, ela não percebe que se aproxima de uma violência
inacreditável. Contada por Evie já adulta e ainda abalada, a narrativa é um
impressionante retrato de garotas que se tornam mulheres.
Denso e de ritmo surpreendente, o romance de estreia de Emma
Cline é escrito com precisão e perspicácia ao construir os perfis psicológicos
dos personagens. As garotas aborda mais que uma noite de violência – é
sobretudo um relato do mal que causamos a nós mesmos e aos outros na ânsia por
pertencimento e aceitação.
Na trama iremos conhecer Evie Boyd em dois momentos da sua vida: no presente, já adulta e no fim dos anos 60, quando tinha 14 anos. A adulta Evie relembra suas ações enquanto era jovem, e acabou fazendo parte de um culto que pregava um estilo de liberdade não compreendido pela sociedade.
Ela entra nesse novo mundo quando conhece Suzanne, uma garota que é tudo o que Evie quis ser um dia: bonita, decidida e destemida. A vida dela estava perfeita, até que um dia os participantes do culto liderado por Russell resolvem cometer um ato de violência que marcaria para sempre a sociedade e a vida de Evie.
O livro é narrado em duas épocas diferentes: o presente e o passado em que ocorreram os fatos. E é assim que podemos conhecer as duas facetas de Evie, e o quanto aquele acontecimento mudou a sua vida. A autora escreveu um livro baseado no culto de Charlie Manson ( para quem quiser saber mais sobre ele, tem resenha do livro Manson aqui), que no livro é descrito como Russel e é um charmoso manipulador que acolhe as pessoas prometendo um novo estilo de vida com liberdade diferente do que a imposta pela sociedade. Porém, a personagem de Evie é atraída por Suzanne e não por Russel. Ela enxerga na jovem tudo o que ela quis ser um dia, e assim começa sua obsessão por Suzanne, e ela sempre acaba voltando para perto dela.
Pela forma que a autora desenvolveu a trama, já sabemos logo no início sobre o ato de violência e por isso não somos surpreendidos quando é revelado a forma que tudo aconteceu, pois, quem conhece a história do Mason sabe e porque a autora já deixa detalhes durante toda a trama. Esse não é um livro com reviravoltas ou surpresas, e foi por isso que a leitura não me ganhou.
O livro é apenas sobre uma garota que não estava contente com sua vida, porque brigava o tempo todo com a sua mãe, e assim se torna obcecada por alguém que vive livre e vê a oportunidade de se tornar rebelde e ter alguma emoção na vida. A trama é apenas uma narração, na qual Evie conta a história de sua vida e como se encontra atualmente.
Para quem gosta de livros que contam apenas uma estória que se baseia em fatos históricos irá gostar do livro, mas não foi meu caso e acabou se tornando uma leitura demorada, que não me fazia criar empatia com a personagem. Um ponto positivo do livro é que mesmo sendo inspirado na história de Charles Manson, o foco não é em momento algum ele (no caso Russell), e sim as garotas que faziam parte do culto, o perfil psicológico delas e como foram parar ali. E se a trama tivesse focado mais nesse ponto, eu teria gostado mais da leitura, pois Evie não me agradou nem um pouco.
A edição da intrínseca ficou belíssima, a sobrecapa é a imagem de uma garota como Suzanne e o livro é em capa dura apenas na cor azul. Esse é o primeiro livro da autora, e pretendo dar novas chances para outras obras.
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